A caminho de casa, vi um rapaz de uns 20
anos, cabelo cacheado e uma mochila nas costas em um ponto de ônibus. O farol
fechou e parei bem perto dele. Vi que ele tinha nas mãos um buquê de flores
coloridas, embrulhadas com um plástico transparente e um laço vermelho.
Consegui ver tudo isso enquanto o farol não
abria porque a mochila colorida não parava de balançar assim como todo o seu
corpo. Menos as mãos que seguravam as flores com carinho.
Parecia um balanço ansioso, como se esse
movimento adiantasse o ônibus que não vinha.
E esses poucos minutos me fizeram concluir
que essa ansiedade que o corpo não conseguia disfarçar estava ligada a essas
flores. Quem as receberia e como reagiria?
Fiquei pensando no rosto, na reação, no por
quê. E no restante do trajeto comecei a pensar em algumas pessoas próximas e em
como elas reagiriam ao receber um buque hoje. Como eu reagiria?
É fato que as pessoas falam mais e mais a
cada dia sobre a dificuldade em encontrar o amor e o quanto gostariam que isso
acontecesse. Mas será que é assim mesmo? Será que quando um menino com flores
bate à porta, o recebem com um sorriso no rosto e o mandam entrar?
Pois é! Vale a pena pensar no assunto.
Mesmo!
Me peguei a pensar se eu gostaria daquelas
flores, daquele laço vermelho, da ansiedade e no quanto eu estaria propensa a
abrir a porta e dizer: “- Que bom que você veio. Entre. Estava te esperando.”
O menino com flores não precisa ser menino,
nem ter cachinhos...na verdade, nem precisa ter flores. Ele só precisa estar
disposto a entrar e nós, dispostos a abrir a porta.
Deixar que ele entre, se espalhe no sofá e
entregue o que veio trazer: o amor.
Queremos sim ser amados, mas não deixamos
isso acontecer inventando desculpas e limitações no outro e em nós mesmos:
falta tempo, falta disposição, falta beleza no outro...nos falta coragem.
Coragem de assumir que precisamos sim de outro, de carinho, de cuidado. Que é
bom ser bobo (às vezes), que é bom sentir a falta ou ficar ansioso para saber a
reação do outro ao receber flores.
Abra a porta para esse menino. Deixe- o
entrar.
Se ele bagunçar a sua casa, tudo bem! Você
vai conseguir pôr as coisas no lugar de novo, ainda que leve um tempo, ainda
que dê trabalho. Talvez arrastar os móveis sirva para você descobrir coisinhas
que havia varrido para debaixo do tapete há algum tempo.
E se ele chegar de ônibus, de mochila nas
costas e isso não for exatamente o seu sonho de consumo, pelo menos deixe que
ele lhe dê as flores. Depois, você saberá o que fazer.
Por Carol Meneguetti
AUTO ESTIMA ELEVADA SEMPREEE!!!
2 comentários:
http://tempodepraia.blogspot.com/2011/04/pessoa-certa-x-pessoa-errada.html
"Quem não se gosta, não confia na pessoa que vê quando se olha no espelho pela manhã... e ai? O que vai cruzar o seu caminho?"
Da-lhe Carol. Sempre com textos emocionantes. Espero o próximo.
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