10.11.11

A CAMINHO DE CASA


A caminho de casa, vi um rapaz de uns 20 anos, cabelo cacheado e uma mochila nas costas em um ponto de ônibus. O farol fechou e parei bem perto dele. Vi que ele tinha nas mãos um buquê de flores coloridas, embrulhadas com um plástico transparente e um laço vermelho.

Consegui ver tudo isso enquanto o farol não abria porque a mochila colorida não parava de balançar assim como todo o seu corpo. Menos as mãos que seguravam as flores com carinho.

Parecia um balanço ansioso, como se esse movimento adiantasse o ônibus que não vinha.

E esses poucos minutos me fizeram concluir que essa ansiedade que o corpo não conseguia disfarçar estava ligada a essas flores. Quem as receberia e como reagiria?

Fiquei pensando no rosto, na reação, no por quê. E no restante do trajeto comecei a pensar em algumas pessoas próximas e em como elas reagiriam ao receber um buque hoje. Como eu reagiria?



É fato que as pessoas falam mais e mais a cada dia sobre a dificuldade em encontrar o amor e o quanto gostariam que isso acontecesse. Mas será que é assim mesmo? Será que quando um menino com flores bate à porta, o recebem com um sorriso no rosto e o mandam entrar?

Pois é! Vale a pena pensar no assunto. Mesmo!

Me peguei a pensar se eu gostaria daquelas flores, daquele laço vermelho, da ansiedade e no quanto eu estaria propensa a abrir a porta e dizer: “- Que bom que você veio. Entre. Estava te esperando.”

O menino com flores não precisa ser menino, nem ter cachinhos...na verdade, nem precisa ter flores. Ele só precisa estar disposto a entrar e nós, dispostos a abrir a porta.

Deixar que ele entre, se espalhe no sofá e entregue o que veio trazer: o amor.

Queremos sim ser amados, mas não deixamos isso acontecer inventando desculpas e limitações no outro e em nós mesmos: falta tempo, falta disposição, falta beleza no outro...nos falta coragem. Coragem de assumir que precisamos sim de outro, de carinho, de cuidado. Que é bom ser bobo (às vezes), que é bom sentir a falta ou ficar ansioso para saber a reação do outro ao receber flores.

Abra a porta para esse menino. Deixe- o entrar.

Se ele bagunçar a sua casa, tudo bem! Você vai conseguir pôr as coisas no lugar de novo, ainda que leve um tempo, ainda que dê trabalho. Talvez arrastar os móveis sirva para você descobrir coisinhas que havia varrido para debaixo do tapete há algum tempo.

E se ele chegar de ônibus, de mochila nas costas e isso não for exatamente o seu sonho de consumo, pelo menos deixe que ele lhe dê as flores. Depois, você saberá o que fazer.

Por Carol Meneguetti

AUTO ESTIMA ELEVADA SEMPREEE!!!

2 comentários:

Téo Marques disse...

http://tempodepraia.blogspot.com/2011/04/pessoa-certa-x-pessoa-errada.html

"Quem não se gosta, não confia na pessoa que vê quando se olha no espelho pela manhã... e ai? O que vai cruzar o seu caminho?"

Bogado Lins disse...

Da-lhe Carol. Sempre com textos emocionantes. Espero o próximo.